Feeds:
Posts
Comentários

Archive for março \31\Europe/Madrid 2009

Li hoje n’O Globo que amanhã, provavelmente, haverá o julgamento definitivo sobre a necessidade ou não de diploma para exercer a profissão de jornalista.

Desde já digo minha posição: Sou totalmente a favor que QUALQUER um com capacidade exerça a profissão, não há sentido em exigir diploma para tal função.

A maior parte dos argumentos que ouvi, de jornalistas, é a de que o jornalista, na faculdade, aprende a escrever, a coletar dados e coisas do tipo. Oras, qualquer bípede com um mínimo de cultura e vontade sabe e pode fazer o mesmo!

Talvez o jornalista, de início, tenha mais estilo ou saiba como tratar suas fontes de uma maneira mais… correta (?) mas, me desculpem, afirmar que só jornalista forma pode exercer a profissão é desmerecer, por exemplo, um Nelson Rodrigues! Será que ele não tinha capacidade para exercer a profissão? Que levante a mão o corajoso!

Quem nunca se deparou, por outro lado, com absurdos vindos de jornalistas, formados, e cheios de si? Quantas vezes não fui obrigado a ler matérias extremamente rasas sobre política internacional, por exemplo, em um ou outro jornal, assinadas por jornalistas com diploma mas que sabem escrever bem, mas não sobre o objeto da matéria!

Qualquer pessoa que estude política ou mais especificamente política internacional ou Relações Internacionais (como eu) fica abismado com a precariedade de algumas matérias de jornalistas diplomados.

Só para citar um exemplo, noto o constante uso de “militantes inslâmicos” para todo e qualquer grupo que cometa algum crime em um país muçulmano. Não importa a razão, se o grupo que reivindica for muçulmano ou o país do ataque for muçulmano então os perpetradores são, automaticamente, “militantes islâmicos”.

Primeiro lugar, ser “militante” não infere crime.

Ser islâmico ou militante islâmico não quer dizer absolutamente nada! Quer dizer apenas que a pessoa é muçulmana e busca, de alguma maneira, transmitir sua crença.

Não sei se é estupidez, ignorância ou má fé simplesmente.

Me lembrei agora, mas me escapa o nome do autor, uma pesquisa feita com as famílias de vários homens bomba que morreram em atentados suicidas em nome do Hezbollah.

Qualquer jornalista com diploma diria que os ataques foram cometidos por militantes islâmicos, por fanáticos islâmicos ou ainda terroristas islâmicos sem, porém, qualquer tipo de análise crítica ou pesquisa.

Saibam, pois, que vários destes militantes islâmicos eram, na verdade, cristãos, e a franca maioria (até a data pesquisada pelo autor) de esquerda, ou seja, não eram “militantes fanáticos” como a mídia adora reproduzir e (des)informar o público.

Acabei de encontrar o artigo que trata sobre o assunto dos três últimos parágrafos. O autor em questão é Robert Pape que analisou – através das biografias e de entrevistas com familiares dos suicidas -, entre 1982 e 1986, 38 dos 41 “terroristas” suicidas do Hizbollah.

Qualquer jornalista formado (desculpem a generalização) , diria que foram todos ataques cometidos por “militantes islâmicos” quando, na verdade, apenas 8 eram fundamentalistas islâmicos, 27 eram de grupos de Esquerda (logo, não poderiam ser encarados como militantes islâmicos) e 3 eram, vejam só, cristãos!

Este pequeno exemplo serve apenas para ilustrar que ter diploma de jornalista torna a pessoa apta a escrever bem, sim, mas não a saber sobre o que escreve.

Confio muito mais em alguém da área de Ciência Política ou Relações Internacionais – em geral, óbvio – para escrever sobra uma crise na Tanzânia, que em um jornalista que passou pelos editoriais de moda, esportes e caiu de para-quedas na página internacional.

Acredito, por outro lado, que não seria ruim um curso – talvez uma pós de curta duração ou um mini-curso ou até uma pequena especialização – para àqueles de formação diversa que tem interesse em adentrar na área jornalística mas, exigir uma graduação completa e um diploma para ser jornalista é, na melhor das hipóteses, um disparate.

Trazendo o assunto para um campo ainda mais moderno, quantos são os blogueiros que jamais cursaram jornalismo mas que estão aí, noticiando o que acontece no mundo, opinando e informando o público? Serão todos eles incapazes de seguir sua veia jornalística por não terem diploma?

Não vejo um jornalista falando com maior propriedade sobre física nuclear em um jornal que um físico nuclear ou um jornalista falando sobre a situação política da Ingushétia que um cientista político especialista em Ingushétia.

Claro, não tenho a intenção de desmerecer qualquer jornalista e apenas ilustrar que, mesmo que muitos tenham a capacidade de tratar de diversos assuntos e sejam excelentes no que fazem – como Clovis Rossi, Azenha, PHA, Noblat, dentre outros -, ter um diploma não é tudo, é preciso, antes de mais nada, ter interesse, disponibilidade, honestidade, vontade e conhecimento.

imaginem só se Antônio Maria, Nelson rodrigues (como disse Miro Teixeira), ou Euclides da Cunha, Carlos Lacerda, Jaguar, dentro outros fossem proibidos de escrever porque não tinham diploma!

Jornalismo não é ciência!

Daqui ha pouco pedirão diploma para cartunista, para escritor. É algo que não tem sentido e nem fim.

Diploma é acessório. Um belo acessório mas, ainda assim, acessório.

Read Full Post »

A Federación Española de Fútbol nega ás mulleres o dereito a seren profesionais

O fútbol feminino segue un chanzo por detrás do masculino

Un grupo de clubs de fútbol e asociacións deportivas, entre as que se atopa MUDEGA están traballando para rachar cunha herdanza histórica da normativa da Federación Española de Fútbol, que impide ás mulleres acadar unha licenza profesional. Este tipo de licenzas, da clase “P”, concédense só aos equipos das tres primeiras divisións do fútbol masculino, e as mulleres xogan todas con licencias “amateur”.

Isto implica que as mulleres que se adican profesionalmente ao fútbol non poden cotizar na Seguridade Social polo seu traballo real, e tampouco se poden beneficiar dos acordos recollidos no convenio colectivo para xogadores profesionais. A consecuencia directa é que a maioría destas mulleres son contratadas como teleoperadoras, comerciais, vendedoras ou persoal de limpeza; cando en realidade reciben os seus salarios polo traballo que fan no céspede.

O vindeiro mércores realizarase unha xuntanza cos diferentes clubs e asociacións deportivas en Madrid, á que acudirá a vicepresidenta de MUDEGA, Mercé Barrientos. Nesta reunión decidirase a estratexia coa que se tratará de mudar a agravio comparativo derivado do reparto de licenzas, estratexia que se baseará na incompatibilidade desta realidade coas leis existentes hoxe sobre a igualdade entre mulleres e homes. As protestas de clubs e asociacións deportivas nacen dunha reclamación comezada pola presidenta do Cáceres feminino, María José López.

Via Vieiros

Read Full Post »

O GOLPE MILITAR DE 1º DE ABRIL DE 1964


Laerte Braga

Entender o golpe militar de 1964 é entender boa parte da História do Brasil e penso que o ideal é tomar a “proclamação” da República em 1889, como ponto de partida. Independente da campanha republicana e do juízo de mérito sobre um regime e outro, monarquia ou república, o que Deodoro fez foi dar um golpe de estado. Havia um descontentamento geral dentro das Forças Armadas com o imperador e não uma identificação dos militares com a campanha republicana.

Militares, começa aí o problema, sempre se consideraram à margem do restante dos brasileiros. Um estamento do Estado e das instituições, ou seja, uma espécie de instituição com o poder de juízo final. Apartados do resto do País. À época de Deodoro eram capazes de olhar para dentro, como via de regra o fazem, mas incapazes de perceber, por exemplo, que a Guerra do Paraguai fora um massacre brutal e estúpido financiado pelos ingleses sem heroísmo algum, apenas a clássica boçalidade dos mais fortes contra os mais fracos que, naquele contexto, se opunham aos grandes.

Solano Lopes, como Lugo hoje, sonhou e lutou por um país independente no sentido pleno da palavra.

De lá até 1964 o Brasil viveu de sucessivas rebeliões, ou tentativas de grupos de militares e curiosamente, até que o general Castello Branco fixasse em quatro anos o tempo máximo de permanência numa patente de general (brigada, divisão, exército – contra almirante, vice-almirante, almirante de esquadra – major brigadeiro, tenente brigadeiro, brigadeiro do ar), cada um que alcançasse o posto se transformava numa espécie de general mexicano dono de determinada área, de determinado comando, numa eternização de uma oligarquia que gerou, por exemplo, Góis Monteiro, Eurico Gaspar Dutra, notórios militares de inclinações fascistas e vocações golpistas.

E outros tantos.

Reações é claro que existiram. O próprio Eduardo Gomes no episódio do Forte Copacabana. Ou a Revolução dos Tenentes, a Coluna Prestes, os primeiro momentos da revolução de 1930 (a conquista do voto secreto e do direito de voto pelas mulheres) e em 1964, o confronto entre militares controlados pelos Estados Unidos (os que deram o golpe) e militares brasileiros lato sensu, com visão do processo democrático e da necessidade de modernização da sociedade brasileira a partir das reformas de base para usar uma expressão da época.

Se formos nos alongar nesses episódios, militares como Cordeiro de Faria, Juarez Távora, participantes da Coluna Prestes, se transformaram em líderes à direita da sociedade e clássicos legalistas como o marechal Lott vieram a ser avalistas da democracia burguesa, mas com visão correta e precisa da realidade histórica e da importância – volto a repetir a expressão da época – das reformas de base. Lott é o grande nome militar brasileiro do compromisso de uma força armada com o seu país. E com a vontade popular.

Quais? Reforma agrária, reforma urbana, democratização das comunicações (Jango assinara pouco antes de cair um decreto autorizando a outorga de concessão de canais de rádio e tevê a sindicatos e organizações populares), a reforma política, fiscal, tributária (que fizesse a elite pagar impostos ao invés de gerar o modelo corrupto de hoje FIESP/DASLU – quadrilha).

Jango sofrera seu primeiro revés quando ministro do Trabalho, Indústria e Comércio do governo Vargas (1951/1954) e um grupo de coronéis afinados com empresários paulistas em sua maioria, se levantou contra o aumento de 100% do salário mínimo. A mentalidade escravagista permanecia presente e hoje se mantém sob formas outras. Nos grandes latifúndios continua como antes de 1888.

Patriotismo acendrado e slogans como “Deus, Pátria e Família” sempre foram os instrumentos dessa canalha ao longo do processo. Na prática 1964 foi um inferno comandado por uma potência outra que desabou sobre os brasileiros e se transformou na noite mais sombria da História em nosso País.

Seqüestros, assassinatos, tortura, estupros, toda a sorte de violência e barbárie em nome de uma democracia que calaram e de interesses que representavam. O mínimo vagido de tentativa de redemocratizar o País terminou quando Costa e Silva – um trêfego que vivia nos quartéis e nas mesas de jogos dos cassinos clandestinos – deu um murro à mesa e decretou que o próximo seria ele.

Castello, um fraco com imagem de forte, sentou em cima, calou-se e figuras vampirescas como Jarbas Passarinho emergiram das sombras e das catacumbas das câmaras de tortura, para dar seqüência ao projeto montado em Washington pelo governo Lyndon Johnson, com o comando do general Vernon Walthers, verdadeiro chefe militar dos golpistas de 1964, uma espécie de comandante oculto dos militares supostamente brasileiros – a bem da justiça exclua-se Ernesto Geisel dessa horda aí – Tinha visão diversa da chamada linha-dura, uma espécie de companhia de “açougueiros” – na barbárie que se espalhou por toda a América Latina. Com todo respeito aos açougueiros.

A “doutrina de segurança nacional”. Retratada com perfeição no livro do mesmo nome escrito pelo padre Joseph Comblin, expulso do Brasil pela ditadura.

A grande preocupação dos norte-americanos com essa parte do mundo, chamada de América “Latrina”, onde despejavam seus dejetos chamados “negócios”, era exatamente a ascensão de lideranças populares e o temor do que denominavam “efeito cubano”. A influência da revolução de Fidel Castro na conquista da independência de Cuba. A real independência. Não essa que Wall Street respira e aqui precisamos de aspirina para combater febres e coisas mais, na globalização que Milton Santos chamou de “globalitarização”.

Moniz Bandeira, em seu livro “o governo João Goulart” narra a briga da Bayer com o governo do Brasil. É que o ácidoacetilsalicílico chinês era mais barato que o alemão. Isso acabou gerando a “aspirina comunista”, incompatível com os “ideais democráticos”.

O governo Goulart viveu dois momentos distintos. O que se seguiu a posse, sob a égide de um parlamentarismo que Tancredo Neves chamou de “híbrido” – o presidente conservava alguns poderes –. E o presidencialismo, decidido pelos brasileiros num referendo em 1963.

O parlamentarismo foi conseqüência de um acordo para a posse do vice, João Goulart, diante da renúncia de um tresloucado eleito em 1960 Jânio Quadros. A decisão dos militares controlados pelos EUA e escorados no “patriotismo”, “o último refúgio dos canalhas” – Samuel Johnson – de impedir a posse do vice, a reação de Leonel Brizola – então governador do Rio Grande do Sul que acabou apoiado por parte dos militares e ampla maioria popular – e o acordo costurado por Tancredo na iminência de um confronto entre golpistas e legalistas como se dizia à época.

O presidencialismo foi conseqüência natural do hibridrismo do parlamentarismo brasileiro e da própria reação popular a sucessivas crises que se seguiram à saída de Tancredo, em 1962.

Começa aí um processo aberto de luta entre brasileiros e elites com apoio dos militares controlados pelos EUA. É aberta a intervenção norte-americana através do embaixador Lincoln Gordon e a designação do comandante militar dos donos para o Brasil, Vernon Walthers (o general era amigo de Castello e falava português fluentemente; fora o intérprete das tropas brasileiras na IIª Grande Guerra).

Jango forma um governo com figuras como Darcy Ribeiro, Evandro Lins e Silva, Hermes Lima, mesmo contrabalançado por políticos de centro-esquerda, todos, no entanto, afinados com o processo de reformas de base.

Parte para medidas ousadas como o controle da remessa de lucros das empresas estrangeiras para suas matrizes, arquiteta o monopólio estatal do petróleo de uma ponta e outra (o que incluía a distribuição – postos de venda). Abre espaços para o educador Paulo Freire e seu método de alfabetização, estimula a formação de organizações camponesas (Ligas Camponesas), privilegia sindicatos e derruba pelegos históricos na Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria – a mais poderosa organização sindical do País – surgindo daí o primeiro embrião de uma central sindical, o CGT – Comando Geral dos Trabalhadores – e a intensa participação de organizações populares como a UNE e a UBES – foi na época de Jango que surgiu o CPC – Centro Popular de Cultura – que criou uma nova linguagem para o próprio teatro brasileiro no trabalho de formação popular. Isso em linhas gerais. E em linhas gerais abria as perspectivas para mudanças profundas na estrutura política e econômica do País, com largos reflexos sociais.

Enfrenta, em 1962, a primeira tentativa de golpe travestida de “legalidade”, a aberta ingerência de grandes empresas multinacionais e supostamente nacionais nas eleições quase que gerais (foram eleitos vereadores, prefeitos, deputados estaduais e governadores da maioria dos estados do País – alguns tinham mandato de cinco anos como presidencial –, deputados federais e senadores).

Os grupos golpistas criaram o IBAD – INSTITUTO BRASILEIRO DE AÇÃO DEMOCRÁTICA – para financiar a campanha de candidatos à direita – a maioria da antiga UDN – e tal e qual acontece hoje com organizações criminosas como a FIESP/DASLU, despejaram dinheiro em candidatos comprometidos com os negócios.

Em 1962 pela primeira vez na História é eleito deputado federal na legenda do PTB – partido de Jango, fundado por Getúlio – um sargento. O sargento Garcia, na cidade do Rio de Janeiro, então estado da Guanabara.

A vitória de Jango nas eleições de 1962, acima de tudo a derrota contundente de Carlos Lacerda para Leonel Brizola no Rio e a eleição de Miguel Arraes em Pernambuco, a luta popular pelas reformas de base e a disposição de executar a reforma agrária, precipitaram o confronto entre as forças golpistas e as do governo. Uma série de pequenos focos de conflitos acabaram por desembocar no golpe articulado em Washington e comandado por Vernon Walthers.

É um erro acreditar que o general Olímpio Mourão Filho, comandante da IV Região Militar – sediada em Juiz de Fora – MG – tenha saído com suas tropas à revelia dos comandos golpistas. Mourão, que fora o autor do Plano Cohen, mistificação sobre uma revolução comunista que serviu de pretexto para o golpe de Vargas em 1937 – o Estado Novo – aliou-se à linha dura e a ação foi de fato comandada pelos generais Antônio Carlos Muricy e Siseno Sarmento, alinhados com Washington, mas em desacordo com Castello Branco e seu grupo, que incluía os irmãos Geisel.

Castello só foi presidente por imposição dos EUA. Assim que Mourão saiu de Juiz de Fora, Costa e Silva, dentro do planejado, como oficial general mais antigo, foi para o Ministério da Guerra, hoje Secretaria Geral do Exército, ocupando um espaço vago, já que o ministro Jair Dantas se encontrava internado num hospital e o general comandante do I Exército, Âncora de Mores – Rio de Janeiro – era legalista.

De lá para cá só a barbárie, a estupidez e o expurgo de civis e militares brasileiros contrários à ditadura. Perto de dois mil e quinhentos militares entre oficiais superiores, subalternos e sub-oficias e praças foram expulsos.

Os generais de linha dura, dispostos a cair de quatro diante de Washington, mas temerosos das ligações de Castello com o chefe das forças armadas “brasileiras” Vernon Walthers, resolveram largar na frente.

Os pretextos? O comício da Central no dia 13 de março. Jango assinara ali o decreto que expropriava refinarias de petróleo e postos e impunha o monopólio total do petróleo. A desapropriação das terras às margens de rodovias, ferrovias, rios e lagos numa extensão de oito quilômetros para a reforma agrária (os maiores proprietários dessas terras eram Ademar de Barros, golpista e corrupto, governador de São Paulo e Moisés Lupion, ex-governador do Paraná – o filho hoje é líder da UDR – União Democrática Ruralista –, organização terrorista do latifúndio brasileiro e subordinada à MONSANTO.

E uma série de outras medidas de cunho nacionalista e popular.

E por fim, o discurso do presidente no clube dos sargentos e sub-oficiais da Marinha onde reafirmou seu compromisso com a luta popular e com a democracia, em 30 de março de 1964. O clima se acirra como conseqüência também da revolta dos marinheiros na semana santa de 64. Vigorava na Marinha, uma das mais reacionárias forças militares do País, boa parte do modelo pré abolição da escravidão.

Jango não quis reagir. Ladário Teles, general legalista que tomara o comando do III Exército no Rio Grande do Sul e Leonel Brizola, ofereceram ao presidente condições para a luta. Jango preferiu não “derramar sangue”.

Os golpistas derramaram o sangue de milhares de brasileiros em câmaras de tortura comandadas por carrascos como Brilhante Ulstra, Torres de Melo, num aparato que resultou numa organização subordinada à CIA – a Operação Condor – usada para eliminar lideranças populares de toda a América Latina.

Construíram um país de fantasia, entregaram os interesses nacionais em mãos de Washington e de empresas estrangeiras – coordenaram a OBAN (Operação Bandeirantes), constituída com recursos de empresas como a Gásbras, a Mercedes, a GM, apoio da FIESP, voltada para seqüestros, tortura e assassinato de opositores.

1964 foi, em linhas gerais, seria muito longo historiar ou relembrar cada momento, foi isso. A mesma coisa que se vê hoje num contexto de tempo e espaço diferentes.

De um lado a quadrilha FIESP/DASLU associada a tucanos e democratas – FHC, Serra e outros golpistas (no duplo sentido da palavra) –, um governo de um operário com alguns avanços, mas ora tímido, ora medroso diante dos golpistas de agora e a necessidade de perceber a falência do modelo que reflete apenas o diagnóstico de um dos militares de maior peso no golpe de 1964.

Golbery do Couto e Silva – “há momentos de sístole e momentos de diástole” – Ou seja, de abertura e de fechamento. Vale dizer, modelo é sempre o mesmo. Abrir ou fechar é questão de momento, de conveniência dos donos.

Vale relembrar que o pai de um dos maiores criminosos do País, Antônio Ermírio de Moares, foi eleito senador em 1962 pelo antigo PTB, no Estado de Pernambuco, apoiando Miguel Arraes e alinhava-se com um setor de empresários que se intitulava “nacionalista”. E, à época, era. José Ermírio de Moraes.

Um fato que considero de suma importância, levando em conta a manchete do jornal O GLOBO, edição de 29 de março, domingo, deste ano, acusando Leonel Brizola e César Maia de receberem propina dos empresários do setor de transportes no estado do Rio é que Brizola, antes do golpe, quando nascia a REDE GLOBO, denunciou a presença de capital estrangeiro no grupo (TIME/LIFE) e o caráter golpista da empresa.

E pós anistia, desmontou o esquema fraudulento que tentou impedir sua eleição para o governo do Rio, em 1982, chamado PRO CONSULT. César Maia teve papel importante naquele momento – é um matemático notável e demonstrou a fraude – Brizola foi o único a conseguir direito de resposta até hoje no JORNAL NACIONAL. Cid Moreira, o William Bonner da época, foi obrigado a ler o documento do governador desmentindo as costumeiras mentiras da quadrilha Marinho.

O detalhe importante é que Carlos Lacerda, em 1964, antes do golpe, também acusou a GLOBO de vínculos com grupos estrangeiros. Mas logo mudou de opinião…

Via Vi o Mundo

Read Full Post »

“Quem afirma hoje que não foi tão mal assim, já estará defendendo o ocorrido, e estaria evidentemente disposto a assistir ou a colaborar se tudo voltasse a ocorrer”

Adorno

Tudo bem, os militares são importantíssimos na defesa de nossas fronteiras e em outros casos variados mas, convenhamos, sua história recente é marcada por crimes contra a humanidade.

Um bando sujo comandou uma ditadura no país, apelidada pela Folha de Ditabranda, num cinismo absurdo.

O Exército, a Marinha e a Aeronáutica, MATARAM, TORTURARAM e fizeram DESAPARECER a centenas, milhares de brasileiros e brasileiras e até hoje não pagaram por isso.

Chamar um GOLPE MILITAR de “Revolução Democrática” é o cúmulo do absurdo, da má fé e do desrespeito com as famílias dos torturados e mortos.

Uma dica ao nosso Secretário Especial de Direitos Humanos, Paulo Vanucchi:

Pegue a lista de convidados e presentes e, sem medo ou culpa, processe a todos, acusados de crimes contra a humanidade por terem torturado e matado e apoiado tortura e assassinato. Criminosos e cúmplices, todos eles.

A lista de presença de tal “evento” será uma excelente lista de criminosos a serem condenados rapidamente.

Crimes contra a humanidade não prescrevem e DEVEM ser punidos. A Lei da Anistia não pode anistiar este tipo de crime, segundo convenções internacionais e a declaração de TORTURADOR dada ao Coronel Brilhante Ustra é exemplo disso e deve servir de exemplo para todos.

Se não podemos colocar estes criminosos detrás das grades que ao menos andem nas ruas com a acusação e condenação, a declaração pelo menos, de que foram e são torturadores.

Gente desse tipo não merece olhar de igual para igual o povo brasileiro e àqueles que sofreram em suas mãos e no regime de exceção no Brasil.

Chamemos a “Revolução Democrática” por seu nome: DITADURA!

E ao nosso exército, nossa Marinha e nossa Aeronáutica, do período da DITADURA e vários de sues atuais membros pelos seus nomes: Terroristas e criminosos.

Read Full Post »

“Deputado britânico é barrado no Canadá por apoiar Gaza”

Vergonhoso, lastimável! O governo canadense considera o Hamas um grupo terrorista, o que é simplesmente vexatório!

Proibir um parlamentar britânico de discursar pela sua causa, uma causa justa, o impedir de entrar no país, como se terrorista fosse, mancha o nome do Canadá e deveria encher seu povo de vergonha.

Democracia, pelo visto, é uma palavra que só funciona, no Canadá, quando há interesses que não a defesa do povo Palestino, massacrado.

Israel é uma nação genocida, será que o Canadá permite que defensores desta nação entrem no país?

Ou só perseguem os defensores dos Palestinos, vítimas de genocídio?

Read Full Post »


Com 95.22% dos votos, Mayotte, em referendo, decidiu pela sua união com a França e se tornou seu 101º departamento.

O resultado final foi 95.22% (41,942 votos) pelo “Sim” e 4.78% (2,084 votos) pelo “Não” além de 0.86% ( 380 votos) brancos ou inválidos. 61% (43,956 votos) de participação com 72,035 eleitores inscritos.

Como era esperado, Comores se recusou a reconhecer o resultado e chama Mayotte de “território ocupado”.

Read Full Post »

Está ocorrendo neste momento um referendo na ilha de Mayotte, que fica no Arquipélago de Comores, no leste da África, sobre sua independência ou incorporação como o 101º departamento Francês.

Não seria nada demais se não fossem 3 detalhes.

1. Mayotte é reivindicado pela União de Comores como parte de seu território e, nisso, tem o apoio da União Africana que não reconhece o direito da França sobre a ilha, que é uma coletividade ultramarina francêsa desde 1975, data da independência de Comores. A ilha em questão não aceitou a independência e preferiu continuar com a França. Não sem razão a população de Mayotte prefere continuar com a França, minimamente estável, que com Comores, líder mundial em golpes de Estado e com consntantes guerras civis;

2. 95% da população é Muçulmana, etnicamente próxima do resto da população de Comores (Bantu) e com costumes como o casamento de menores e tribunais islâmicos, que deverão ser proibidos com a união efetiva com a França;

3. É interessante a estabilidade e também a vontade de integração de Mayotte com o país que vem sofrendo protestos em massa e crescimento do nacionalismo em seus outros departamentos de ultramar, como Guadalupe, Martinica e Reunião. É um movimento inverso ao que se podia esperar de um departamento francês em meio à crise mundial e aos protestos consequentes. Só para dar um exemplo, Nova Caledônica dá apssos largos para sua independência em 2014.

Comores tenta evitar que Mayotte se torne um departamento Francês e espera usar o pose da união Africana para tal. Dificilmente conseguirá alguma coisa. Mayotte sempre buscou se distanciar da política Comorense e seus golpes e, durante o processo de independência dos anos 70, votou pela permanência com a França e, hoje, aparentemente, mais de 70% da população quer uma integração completa.

Read Full Post »

Baixarias, ricos e afins….

O prende-e-solta causa mal estar

Mais uma vez tivemos uma semana agitada pelas prisões de gente poderosa pela Polícia Federal _ e mais uma vez terminamos a semana com todos os bacanas colocados em liberdade por decisão da Justiça.

Sem entrar no mérito das prisões e das libertações, já que não sou juiz nem promotor, o certo é que este prende-e-solta, que já virou rotina, causa um grande mal estar na população.

As pessoas comuns, que não estudaram o Código Penal, simplesmente não conseguem entender como a mesma lei é usada para prender ou soltar.

Por variadas razões saí esta semana da minha rotina aqui no Balaio. Passei por Porangaba, Rio de Janeiro e Itu, onde tratei de outros assuntos mais próximos da vida real, falando de pessoas que não estão na mídia, deixando de lado os personagens de sempre do noticiário político e policial, cada vez mais próximos um do outro.

No sábado, na festa de aniversário do poceiro (homem que abre poços) e cantador Ico do Violão, que fez 74 anos, neto bastardo do ex-presidente Wenceslau Brás, conforme ele me confidenciou, tive mais uma prova de que nós, jornalistas, e nossos leitores vivemos em mundos diferentes, as pautas não batem.

Chega uma hora em que é bom virar o disco porque os temas se repetem em todos os espaços de todas as mídias naquilo que chamei num dos posts da semana de pauta única _ em geral, tratando de coisas negativas que não fazem bem à alma e não têm relação direta com o dia a dia dos leitores.

Sei que muitos comentaristas aqui do Balaio sentem falta de temas mais polêmicos, querem ver sangue, como um deles escreveu, para alimentar o que Clóvis Rossi chama hoje na Folha de “dueto monocórdico”, a eterna disputa entre petistas e tucanos.

Qualquer que seja o tema tratado, estabelece-se um clima de Fla-Flu em que um não quer nem saber as razões do outro, mas apenas reafirmar suas próprias convicções.

Há uma certa hipocrisia de todos nós nesta história, como comentei numa palestra no final dos anos 1990 quando dirigi o departamento de jornalismo de duas redes de televisão.

Discutia-se num debate promovido pela Revista Imprensa, no Rio, o baixo nível da nossa televisão, que procuraria apenas atender ao apetite da audiência sem se preocupar em utilizar o meio como instrumento para divulgar mais programas culturais e educativos.

Em qualquer pesquisa que se fizer, de fato, a maioria das pessoas vai criticar a baixaria da programação da televisão e pedir mais qualidade. Vai elogiar a TV Cultura e meter o pau no programa do Ratinho, que na época ainda estava na CNT, onde eu trabalhava.

Como explicar então que a TV Cultura de São Paulo tivesse tão baixa audiência, enquanto o meu amigo Ratinho a cada dia aumentava seus índices, que o levaram logo da CNT à Record e depois ao SBT, ganhando salários cada vez maiores?, perguntei à platéia.

A mais baixa audiência do CNT Jornal, que eu dirigia, foi registrada quando dediquei a maior parte do tempo a um especial que mostrava a vida e a obra de Darcy Ribeiro, o grande educador brasileiro falecido naquele dia.

Tempos depois, bati meu recorde de audiência pessoal já em outra emissora, o Canal 21, da Rede Bandeirantes, ao passar horas ao vivo transmitindo tudo sobre a morte do cantor Leandro, da dupla Leandro e Leonardo.

O Brasil ainda se comove mais com a morte de um cantor sertanejo do que com a de um educador _ esta é a nossa realidade e somos todos hipócritas ao querer negá-la em nome do politicamente correto.

Mas isso não quer dizer que devamos nos render a esta realidade, aderindo à pauta única e desistindo de querer modificá-la, abrindo o leque para outros assuntos e outros personagens que não estão nas manchetes.

Podemos perder em audiência, mas certamente ficaremos mais gratificados com o nosso trabalho, dando a ele um sentido não apenas imediatista e comercial.

Senti isso quando li os comentários enviados para o post que conta a história do lavrador Zé Telles, o homem honesto que ficou doente com a desonestidade alheia.

A reação da maioria dos leitores, solidarizando-se com ele e lembrando que o Brasil é feito de milhões de Zé Telles, que não se conformam com a realidade do leve-vantagem-em-tudo, me anima a continuar dedicando a maior parte do meu tempo a este Balaio e a procurar boas histórias para contar.

Via Blog do Kotscho

———————-

O brasileiro ainda é adepto -e vai permanecer por muito tempo – do “faça o que eu digo, não o que eu faço”.

Todos concordam que só tem baixaria na Globo, Record, SBT e afins (que o diga a Rede TV!) mas quando menos se espera estes mesmos estão vendo o BBB e sabem tudo que alguma das “personalidades” da casa fizeram ou deixaram de fazer, sem falar na cor da calcinha da vagabunda de plantão do programa.

Quanto a o prende-e-solta, o problema é a sequencia, ou o “solta” final. nenhum problema se fosse prende-solta-prende.

Ricos finalmente na cadeia, onde vários merecem estar. Engraçado que nesse país ainda existe a cultura de que crime do colarinho branco, corrupção, desvio de verba e crimes financeiros são rimes menores que assassinato e etc, ditos hediondos quando, na verdade, é exatamente a verba desviada para contas de senadores, deputados e da corja política-empresarial que deveria financiar projetos de inclusão, moradia, educação, saúde e tudo mais para a população que, dentre outras razões, acaba na criminalidade pela total falta de opção ou condições de vida.

É preciso mudar, antes de tudo, esta mentalidade.

Pelo menos sabemos que há uma parcela da população que ainda se indigna, protesta e procura meios alternativos de conhecer o que realmente acontece no país e no mundo, como vimos no protesto que começou nos blogs e acabou nas ruas, contra a Folha e sua Ditabranda.

É um começo.

Read Full Post »

Amém!

Fonte: Nóis na Tira.com

Read Full Post »

“Ar-condicionado de novo Metrô de SP falha no primeiro dia

Alguma novidade?

Curioso, todas estas “melhorias”, como novas linhas de metrô, novos e modernos (sic) vagões de metrô e afins estão sendo feitas única e exclusivamente em razão da Copa de 2014, ou seja, com a intenção única não de melhorar a condição de transportes na cidade em beneficio do estudante, do trabalhador mas de promover uma falsa imagem de “está tudo bem”, de “cidade maravilhosa e que funciona”.

Nenhuma das obras de “melhoria” da cidade estãosendo feitas ou planejadas para o povo, para melhorar em longo prazo a vida da população mas sim como uma vitrine e como instrumento de perpetuação de uma elite – política – no poder.

Aliás, analisando a situação dos novos vagões, vemos uqe estes apresentam – em teoria – melhoras, como portas mais largas, ar-condicionado (que não funciona) e janelas anti-ruído mas, vejam só, menos assentos e mais espaço apra ficarmos em pé.

Resumo da história, ao invés de investir em ampliação do sistema e mesmo das linhas já existentes, onde somos obrigados a viajar como sardinhas, continuamso com a mesma superlotação e agora sequer tendo onde sentar. Até o sortudo que conseguiu sentar para fazer uma viagem d euma ponta à outra da cidade, vai agora ficar em pé.

E como conhecemos a gentileza do povo brasileiro, os poucos bancos restantes vão lotar de pessoas que fingem dormir enquanto velhinhas são esmagadas à sua frente.

E todos suando, com janelas lacradas e ar-condicionado de terceiro mundo.

E o Serra, em seu carro particular.

Com ar!

Read Full Post »

Older Posts »